Leituras que iluminam a escrita para quem escreve, reescreve e lê com o corpo inteiro
O Centro Cultural Astrolabio abre junho com dois módulos de oficinas dedicadas à prática da escrita e à reflexão sobre os caminhos — visíveis e invisíveis — que levam à construção de um texto. Em cada encontro, há espaço para escuta, exercício, troca e leitura. Mas aqui, destacamos os livros que acompanham e expandem os percursos das oficinas com Evelyn Blaut e Marcelo Labes.
Porque escrever também é ler com os olhos do corpo e a escuta do tempo.
Nesta oficina, a escritora Evelyn Blaut propõe um mergulho na construção de atmosferas na narrativa — esse elemento sensível que atravessa cenário, dicção, ritmo e afeto. A leitura de grandes obras pode afinar o olhar de quem escreve. Eis algumas sugestões para ampliar a percepção sobre o que é e como se constrói atmosfera:
A Peste, de Albert Camus — uma cidade sitiada por um clima de suspensão e medo.
Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector — atmosfera do desejo, da infância, do não-dito.
A estrada, de Cormac McCarthy — um mundo pós-apocalíptico construído por escassez, silêncio e ternura.
O acontecimento, Annie Ernaux - um relato cru e direto sobre o aborto clandestino nos anos 1960. A escrita seca e precisa de Ernaux intensifica o impacto emocional e cria uma atmosfera de opressão e urgência.
Neste módulo inédito da anti-oficina, Marcelo Labes abre espaço para pensar o que não aparece na superfície dos textos: processos de escrita, reescrita, falhas, rastros e contradições que sustentam a estrutura invisível de um livro. As leituras abaixo servem como espelhos tortos e mapas provisórios para esse mergulho:
A arte do romance, de Milan Kundera — ensaios sobre a liberdade e a complexidade da forma romanesca.
O pai da menina morta, de Tiago Ferro — romance que lida com perda e com a forma fragmentada da dor.
Humanos exemplares, de Juliana Leite — escrita híbrida que desafia o modelo narrativo linear.
Duas propostas, dois olhares sobre o ato de escrever — um voltado à criação sensível de atmosferas e outro às camadas subterrâneas do romance e da poesia. Em ambos as oficinas, a literatura aparece não só como resultado, mas como método, escuta e exercício.
Que essas leituras te acompanhem antes, durante e depois da escrita.
Nos vemos no Astrolabio!
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